terça-feira, novembro 27, 2007

O regresso

Afinal foi fácil. Sem preparação ou método. A carga de trabalho, coisas para fazer e outras para deixar feitas, a isso obrigaram.
E ainda bem. Quando dei conta já estava e ir e quando voltei a reparar já regressava.
Foi bom. Correu tudo bem, comigo e com ela.
O facto de sentir/pensar que estas pequeninas separações a ela também lhe fazem bem, ajudou. Acho importante que ela se sinta bem em vária situações, mesmo que eu não esteja por perto. É isto que quero para ela, uma menina segura, com capacidade de adaptação q.b.
É claro que é dificil deixa-la ficar, mas também me soube bem, fazer coisas de mulher, de cientista, sem pensar em fraldas, biberons ou colheres de sopa.
Sinto falta, preciso disto para me equilibrar.
E pela 1a vez desde p'raí os 5 meses de gravidez, voltei a dormir uma noite sem interrupções. Ahhhhh
E ouvi-la choramingar "Ah mama" quando mesmo a dormir me sentiu de novo perto dela, encheu-me o peito.
Os avós e o Pai fizeram um bom trabalho, obrigada a eles!

terça-feira, novembro 20, 2007

1ª Separação

alguém me explica como é que uma mãe-galinha se prepara psicológicamente para a primeira separação nocturna (2 dias e 2 noites) do seu rebento-mais-que-precioso...?

(vou participar num congresso em Lisboa, esta 6ª e Sábado, e na impossibilidade de irmos todos, ela vai ficar entregue ao pai e aos avós.)

sábado, novembro 17, 2007

Tio

Eras desprendido
de poucas falas
não davas os parabéns
nem ovos na Páscoa
Assistias à troca de presentes no Natal, sem nada oferecer e ficavas envergonhadamente calado aos presentes que recebias.
Poucas vezes dizias obrigado e nunca te ouvi pedir desculpa.
E no entanto, tantas vezes vi através dos teus olhos mudos o coração grande que sabia que tinhas.
E mostras-te-o com gestos, a todos os que precisaram
Mesmo aqueles que não acreditavam
Mesmo no fim.
Vou lembrar com alegria o teu riso, que de raro, era contagiantemente sincero.
E os sorrisos.
Os últimos deste-os à Inês
Em troca dos dela, que sem te conhecer dava a miúde.
Brilhavam-te os olhos cansados. Acho que pela última vez.
Senti-te o corpo grande, magro, cheio de roupa que não parecia tua
Os óculos que escorregavam no rosto sem forças
E tu,
Que nunca foste de palavras fáceis
A quem nunca tinha visto chorar
Olhaste-me de olhos marejados, sem qualquer pudor de alma e disseste-me que não tinhas dores, que a doença era muda, que te levava as forças todos os dias. Não querias fazer o tratamento, não eras capaz. Que já tinhas vivido muito, que só não querias... só não querias sofrer muito tempo.
E assim foi, ainda que qualquer tempo tenha sido tempo de mais.
Morreste como viveste
sozinho
apesar de haver gente por perto.
Ninguém te segurou a mão.
E isso dói-me.

Vejo-te a percorrer a pé,o caminho que tantas e tantas vezes fazias a caminho de casa, quando vinhas almoçar ou jantar.
Vinhas a sorrir quando me vias e é assim que te vou guardar
Ainda que sem esquecer o resto
Mas o resto não eras tu
Era a doença a quem já tinhas vencido batalhas
Mas que te ganhou a luta da vida.

Acho que não eras deste mundo
Espero que encontres o teu lugar.
Até um dia, meu Tio.

sexta-feira, novembro 16, 2007

depois tocou o telefone

Passei o dia incomodada, pensativa, quase triste
Fui trabalhar com as ideias em turbilhão
E procurei causas
Questionei-me
Fiz um esforço e sairam sorrisos
Continuei incomodada
E continuei a questionar
Encontrei causas
Continuei a pensar
E depois tocou o telefone e disseram-me que morreste.


(adenda: está tudo bem com a Ines)

terça-feira, novembro 13, 2007

Um dia de cão

A noite tinha sido pior que má, com a pirralha rouca, cheia de febre e sem conseguir dormir.
Amanhece com os olhos chorosos e o pai ficou com ela em casa que a mãe tinha uma reunião de trabalho inadiável. A cafeína colaborou na dificil tarefa de manter os olhos abertos e a cabeça a funcionar.
Ao chegar a casa, reparei que aquele olho vermelho que parecia anunciar uma constipação iminente, se tinha transformado num olho muito vermelho, inchado e cheio de pus. O L. teve de sair para uma formação e eu segui com ela para as urgências.
Tudo rápido e eficiente, 30 min depois de chegarmos estavamos a fazer o primeiro aerossol da vida dela, para a laringe inflamada (e que drama foi...!) e 1h depois saiamos com o diagnostico de uma bébé mto simpática, de laringe inflamada e com uma infecção no olho esquerdo que obrigou a antibiótico local.
Sem dormir, cheia de fome, resmungava no banco de trás enquanto eu procurava a farmácia de serviço, e cantava todas as canções infantis ou não que me lembrava. Adormeceu imediatamente antes de estacionarmos à porta de casa. Ora bolas!
Lá a tirei com jeitinho, resmungou mas não acordou.
Ela nos braços, mais o computador, o saco dela, a minha carteira, a chucha que entretanto caiu no chão, a chave do carro e a chave de casa... Escusado será dizer que a tarefa de abrir a porta de casa sem que ela acordassse, era virtualmente impossível. E foi.
Mais resmnunguisse, olha o gato e uns sorrisos pelo meio, muito esfregar de olhos (que dá um jeitaço à infecção) e 20 min depois, estava de fralda mudada, pijama vestido, aninhada ao meu colo, enquanto se consolava de olhos fechados com um biberon de leite (sim que eu gosto muito que a menina coma bem, mas não ia depois disto tudo comprar uma guerra para lhe dar meia-dúzia de colheres de sopa!).
Aterrei no sofá. Passado um bocado a fome deu-me forças para por a torradeira e o microndas a funcionar e as 22:30h estava na caminha, com uma dor de costas tremenda (2 horas com ela ao colo nas urgências é dose!).
A noite foi mais calma, o olho acordou mais inchado, mas ela mais bem disposta. Ficou feliz ao chegar ao infantário.
E eu sorrio com ela.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Dentes

E o sorriso-2-dentinhos que me derrete, está prestes a sofrer um upgrade. Outro dente já tem a ponta de fora.
Mas ao contrário do que era "suposto" em vez de um incisivo superior, vem aí um incisivo lateral inferior.

E esta, hein?!
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