Hoje, de manhã, não chorei.
Enchi-me de coragem
Enchi-te de beijos
E lá fomos.
Ao chegar, o coração apertou-se
Da boca sairam as instruções de comida e dormida
Dos braços saiste-me tu.
Corri o dia todo
A tentar cumprir o dever
A tentar pensar em coisas boas
Em ti, bem.
Fui-te buscar, entrei a sorrir.
Encontrei-te a chorar, sozinha a um canto, com olhos de quem já o estava a fazer à bastante tempo.
O coração apertou-se outra vez e apertei-te nos braços.
Balbuciaram desculpas sobre o complicado da hora, com crianças tão diferentes...
Deram-me informações de comida e dormida.
"Comeu mal... chora bastante com sono... dormiu 20min o dia todo.... ela habitua-se."
Apertei-te com força, enquanto te enchia de beijos e saí.
Quando te olhei novamente já dormias.
Hoje, de manhã, não chorei.
Hoje, chorei à tarde.
4 comentários:
:(
os primeiros dias são tão complicados, rita...
lembro-me que no 1º dia do diogo tive que voltar lá antes do almoço para deixar os lençóis...encontrei-o a chorar, com olhos de menino perdido. veio ao meu colo e quando tive de partir novamente ficou a gritar por mim. foi dos momentos mais difíceis da minha maternidade...
um abraço bem forte!
Ai, Rita! Tem-me custado tanto comentar os teus últimos 3 posts... Olha que ainda hoje não vivi experiência mais difícil e dolorosa na minha maternidade do que a da entrada da minha filha para a creche, faz precisamente agora 2 anos. Tão dolorosa que não fui capaz de ir deixá-la lá, teve de ir o pai - este foi, aliás, o maior acto de egoísmo de toda a minha vida, porque foi ele quem saiu de lá a chorar. Só de estar aqui agora a recordar isto, volto a torcer-me com dores, verdadeiras, é que doi mesmo cá dentro. Foi de tal maneira, que desde essa data fiquei de mal com o país onde tive o azar de vir nascer e onde a fiz nascer a ela. Nunca mais perdoei a insensibilidade de não deixarem uma mãe em casa com uma bebé de 5 meses. Nunca mais! Ainda hoje sinto vontade de bater em alguém por nos terem sujeitado a semelhante barbaridade! Desculpa não conseguir sossegar-te... é que da tua ferida fala-me a cicatriz que ainda tenho e está tão feia. Olha, posso dizer-te que a Rita também passou a maior parte do tempo, até aos dois anos, encostada a um canto a brincar sozinha, triste, mas posso garantir-te que gosta da escola e vem para casa todos os dias a contar coisas dos amigos. Mas, sabes como é, mãe é mãe, pai é pai e, como já disse a uma mãe uma vez, em circunstâncias semelhantes à nossa, a resistência à creche não é senão sinal de inteligência. Quem, no seu perfeito juízo havia de preferir a creche ao colo da mãe, por melhor que fosse a instituição???!! Para já há pouco mais que possas fazer do que transmitir-lhe segurança, quando a deixas lá, procura desenvolver em ti uma segurança genuína, procura acreditar que as pessoas com quem a deixas são verdadeiramente competentes e empenhadas no seu trabalho. Só desenvolvendo em ti esta convicção poderás tarnsmiti-la à Inês. De outra forma é escusado, porque eles são de uma perícia incrível a pressentir sentimentos que não são verdadeiros, quanto mais pequeninos, mais apurada têm essa capacidade! Para além desta segurança, que é fundamental transmitires-lhe, podes ainda tentar deixá-la lá o mais tarde que te for possível e ir buscá-la o mais cedo possível também. Desculpa o relambório, não quero parecer papista, mas estou de coração nas mãos a tentar deixar aqui tudo o que aprendi com a pior das pancadas que a vida me deu.
Um grande beijinho, Rita, de mãe para mãe.
FORÇA!
....
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Ai que fiquei com o coração apertado ao imaginar a tua menina a chorar a um canto... bolas, assim ainda se torna mais difícil deixá-los...
Um beijinho de força
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