de ti!
Como passa depressa o tempo, meu anjo! Ainda me arrepio quando penso nessa noite. Na tua noite. Não nos conseguimos imaginar sem ti aqui, nem queremos.
Enches-nos os dias e as noites.
Já nos olhas, ouves muito atenta, a absorver o mundo à nossa volta. Com uma serenidade no olhar de quem está de bem com a vida. Sinto-te feliz. E isso enche-me a alma.
No geral portas-te muito bem, excepção feita para a birrinha que começas-te a fazer ao princípio de todas as noites e que muitas vezes dura até às 3h da manhã. Mamas quase sempre como se não houvesse amanhã o que muitas vezes resulta em soluços. Fazes intervalos de 3h horas durante o dia e 4-5h durante a noite. E houve até uma noite que nos presenteaste com 7h seguidas!
Para desgosto meu, não gostas de chucha. Já experimentamos umas quantas e nada.
Ainda estamos os 3 em casa e dividir as tarefas com o pai tem sido uma ajuda imensa. Só não te dá mama porque não tem. Temos um super pai! Muda fraldas, dá banho, dá colo, lava e estende roupa e claro, enche-nos de mimos.
Um sorriso imenso e intenso como os teus olhos
E como diz a canção:
Amo-te mais água que as torneiras
Amo-te muito mais alto que as nuvens
Amo-te mais ventos que as tempestades
Amo-te mais, mais.
Amo-te mais palavras que um livro
Amo-te muito mais noites que o verão
Amo-te mais longe do que o Japão
Amo-te mais, mais.
Sushibaby, amo-te mais e mais e mais e mais e mais!
terça-feira, janeiro 30, 2007
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Foi assim nascer
Quinta-feira, 28 de Dezembro, 9h da manhã, o L. saía para o trabalho, fui à casa de banho e constatei alegremente a saída do rolhão mucoso. Ainda apanhei o L. junto ao carro para lhe contar, insisti para que fosse trabalhar na mesma, porque o processo só agora estava a começar.
Passei o dia com algumas "impressões" mas sem contracções efectivas. Almocei descansadamente com os meus pais. Tudo pacífico.
Sexta-feira, 29 de Dezembro, 4h da manhã, mais uma ida ao WC e mais rolhão mucoso. Contracções, nem sinal. Por volta das 10h da manhã, decidi ligar ao obstetra a fazer-lhe o ponto da situação. Sugeriu que me dirigisse ao hospital para ser vista e saber em que pé estavam as coisas.
Assim fizemos 1h depois. Entrei no Hospital do Barlavento por volta das 11:30h da manhã, fui logo atendida e fizeram-me o belo do "toque". Argghhhh. Estava tudo a correr tão bem, não havia mesmo necessidade! Depois de a muito custo me conseguir inspeccionar as entranhas, a enfermeira constatou: colo do útero bem fechado, sem dilatação.
Regressamos a casa, agora bastante desconfortável e com mais contracções mas pouco dolorosas.
Este estado de "não dor" alterou-se pouco depois e comecei com contracções efectivas e ritmadas por volta das 13h. Almoçámos em casa, com a irmã do L., o Z. e o sobrinho A., que vieram esperar a Inês connosco.
A tarde foi de contracções e ao fim do dia decidimos ir dar um passeio a pé pela falésia para me tentar distrair das dores, já muuito fortes. Escusado será dizer que parámos milhares de vezes, para eu respirar agarrada a qualquer coisa, enquanto o meu corpo se preparava.
Tentei jantar, mas sem sucesso. As contracções eram demasiado fortes, mas continuavam espaçadas de 5 em 5 minutos.
Por volta das 22h decidimos ir novamente ao hospital. Avisei a família e a amiga que havia de dar noticías nossas aqui.
Fui atendida rapidamente, mais um toque e o veredito: 2cm de dilatação e vai cá ficar. Nem queria acreditar! "Só?! Desde as 13h com contracções e só 2cm?! Tou feita..."
Foram avisar o L., enquanto me "preparavam" e levaram-me para a sala de partos. Estava tudo calmo. Era a única mulher em trabalho de parto.
Chegou o L., com um sorriso nos lábios, contei-lhe o que se tinha passado na ausência dele e disse à enfermeira que queria levar epidural.
"Ui, vamos lá ver se vai ser possível... Só temos a Dra. XX e falta pouco para a meia-noite (Só dão epidural até às 24h!!!!!). Daqui a pouco a parteira vem vê-la e logo vemos se dá. Pode ser que sim." Simpática mas pouco convincente.
Eram 23 e pouco e fiquei só com o L. O CTG ligado ia-nos mostrando a Inês e as minhas contracções que chegavam aos 70% (Uuuiii). Apesar das dores, consegui sempre fazer a respiração que devia e não cheguei a fazer uso da lista mental de palavrões que tinha preparado.
Faltavam 10min para a meia-noite, entra a parteira. Carrancuda qb, mais um toque e outro cm de dilatação. 3 ao todo.
Voltei a lembrar a epidural e a resposta: "A esta hora?! Não me parece! Nem sei onde está a anestesista! Já se vê." E saiu com o mesmo ar carrancudo com que entrou.
Apesar de uma esperançazinha que quis manter, a verdade é que com aquela boa-vontade ficámos convencidos que não se iam esforçar minimamente para me darem a epidural.
Mas precisamente às 24h eis que chega a parteira e a anestesista. Simpática e conversadora, pediu ao L. para sair. Prepararam-me, enquanto me explicava o que ia fazer. Entre uma contracção e outra lá consegui responder às perguntas que me iam fazendo e 10 minutos depois estava sentada na beira da maca de costas dobradas, agarrada a uma almofada. Tempo para uma última contracção que o CTG disse ser de 98%. Aiiiii mesmo!
"se tiver uma contracção enquanto lhe coloco o catéter avise-me mas não se pode mexer."
E como raio é que eu vou fazer isso?, pensei. Ainda por cima sentada, que agudiza cada contracção como se me batessem com uma marreta nos rins!
Aguentei-me à bronca e pouco depois estava novamente deitada com o catéter inserido e um líquido frio a escorrer pelas costas. À 4a dose, deixei de ter dores. Que alívio.
Chamaram novamente o L. e continuamos a conversar com a anestesista.
De repente, ela vira discretamente o ctg para ela e pede-me para me virar para o lado esquerdo. Uns segundos assim e pede-me para me virar para o lado direito. Pede à parteira para chamar o obstetra. "A bébé está bradicardia."
Voltei a virar-me e disse que aquilo já tinha acontecido uma vez no 1º CTG que fiz no obstetra.
A Inês parecia não recuperar e de repente deixaram de lhe apanhar qualquer batimento cardíaco. Escusado será dizer que comecei a ficar nervosa, com medo. Olhei o L., que me agarrou na mão e esboçou um sorriso a dizer que ia correr tudo bem.
Decidiram romper-me a bolsa das águas para poderem colocar uma sonda interna, tentando apanhar-lhe o batimento cardíaco. Assim fizeram e conseguiram. Mas a bradicardia mantinha-se. A Inês não estava bem. O Obstetra fez-me um toque para verificar a dilatação e mandou vir um ecografo. Fez uma ecografia rápida, para ver o coraçãozinho da Inês a bater.
Saiu da sala para volta a entrar passado uns minutos.
A minha dilatação estava a fazer-se a grande velocidade o que podia ter feito a Inês descer demasiado rápido para o canal de parto, provocando a bradicardia. Mas eram suposições. Na ausência de certezas e de melhorias, começaram a equacionar uma cesariana de urgência."Não, ela tem a dilatação quase feita. Dá para fazermos normal", dizia a parteira para o obstetra. Este olhava-me apreensivo, o que me deixava ainda mais nervosa. Perguntou-me qual o peso previsto da Inês. "3,400Kg a semana passada". Não o sentia minimamente confiante com o cenário e isso estava a deixar-me à beira do pânico.
Do nada pergunta-me se estou com coragem para fazer aquilo.
"Mas que raio de pergunta é esta?!", pensei.
"Dr. fazemos o que achar melhor para a minha filha", disse convicta.
Ele olhava para mim, para o CTG, para a parteira. Deixaram de conseguir monitorizar novamente a Inês. Tocou uma campainha e chamou a chefe de serviço, que me tinha recebido. A sala de partos encheu-se de enfermeiras e auxiliares e o meu coração ficou do tamanho de uma ervilha. Pequenino de tão apertado. Quase esmagado pelo medo que estava a sentir. Pela Inês.
Pediram-me para colocar as pernas nos estribos. A dilatação ainda não estava completa e o obstetra perguntou à chefe se achava que valia a pena usar ventosa, ela espreitou e disse que sim. Voltou a perguntar-me o peso previsto da bébé. Não estava a acreditar que aquilo nos estava a acontecer...
De repente, o obstetra decide avançar e começou a mandar chamar o pediatra insistentemente. Sentia a sua apreensão que só fazia crescer o meu medo.
Mandou uma enfermeira para cima de mim e a parteira disse-me para fazer força. Entretanto tinham já feito a episiotomia que não senti. Fiz força sem saber onde, nem com que intensidade. A grande desvantagem da epidural, mas a parteira descansou-me:
"Está a ir mto bem, mas temos de ser mais rápidos".
A enfermeira que estava junto a mim disse-me então para inspirar fundo, não deixar sair o ar e fazer força juntamente com ela. Assim fiz enquanto ela espetava literalmente o cotovelo dela na minha barriga. Ela contra a Inês, com o meu corpo pelo meio. Foi a 1a vez que gritei de dor. O L. não me largou a mão um segundo e eis que sai a cabeça. Deu-me um beijo na testa, sorriu, "está quase linda, falta pouco".
Fiz força mais uma vez, e novamente o maldito cotovelo da enfermeira.
De repente, a expulsão e o vazio. São 2:20h da manhã.
A Inês fora de mim, chora reclamando com o mundo.
Procuro-a entre aquela gente toda e vejo-a ao fundo, na mesa que tinham preparado para a receber, nas mãos do pediatra.
"Filha, filha..." choro baixinho.
"Ela está bem, está tudo bem", diz-me o pediatra.
Olho para o L. que procura a filha de lágrimas nos olhos.
"Já está linda, já está, diz-me.
Vejo sair a placenta e a Inês na direcção da balança. 2,840Kg diz o pediatra.
"Só?! Mas estava previsto muito mais."
O obstetra olha-me e suspira "Ainda bem que é pequenina".
Trazem-me a Inês e o meu coração cresce, como se me quisesse saltar do peito. Ainda tanto medo, mas tão feliz.
O L. tira-nos as 1as fotos.
Mãe e filha olham-se nos olhos. Os olhos bem abertos da filha, nos olhos marejados da mãe.
Muda tudo. Nada se compara.
Levam novamente a Inês e pedem ao pai para sair.
A sala esvazia-se e fico só com o obstetra que me começa a suturar.
Falamos com calma.
Diz que ainda bem que a Inês era mais pequena do que se pensava, "Senão não tinha passado". "E se fosse assim, o que acontecia?", perguntei. Tinhamos de fazer cesariana, mas como ela já estava encaixada, ia ser preciso envia-la novamente para trás.".
"Que sufoco...", suspirei.
"Sabe, por vezes temos de tomar decisões dificeis, como esta e viver com elas para o resto da vida. Correu tudo bem. Correu tudo o melhor que podia."
"E essa episitomia é grande?"
"Pois, é um bocadinho maior que o normal, porque tivemos de fazer aquelas manobras todas"
Que bom saber.... Gluuuup
Bastante tempo depois, não consigo precisar quanto, terminou e desejou-me felicidades. Levaram-me para a zona de recobro e trouxeram novamente a Inês e o L. A enfermeira deu uma ajuda e pusemos a pirralhinha a mamar. Fê-lo durante 1h. Depois levaram-nos para o quarto.
Estivemos mais um pouco os 3 juntos até que chegou a hora do L. sair. Passava das 4h da manhã.
Fiquei com a Inês nos braços, a vê-la dormir e a decorar cada bocadinho dela.
Pensei no L. e em como tinha sido importante a sua força, sentir a presença, o amor. E em como ele se tinha portado bem, ao contrário do que ele próprio imaginara.
Deitei-a no berço agarrada ao meu dedo indicador.
Dormimos assim, pela primeira vez, separadamente juntas.
Foi assim nascer no nosso Mundo.
(O pessoal do hospital foi todo super simpatico e prestável. Fiquei com a melhor das impressões de todas as enfermeiras e médicos, por cujos turnos passámos. Foram incansáveis no estímulo à amamentação, nos cuidados connosco, na atenção com o pai. As instalações do HBA são excelentes. 5 estrelas.)
Passei o dia com algumas "impressões" mas sem contracções efectivas. Almocei descansadamente com os meus pais. Tudo pacífico.
Sexta-feira, 29 de Dezembro, 4h da manhã, mais uma ida ao WC e mais rolhão mucoso. Contracções, nem sinal. Por volta das 10h da manhã, decidi ligar ao obstetra a fazer-lhe o ponto da situação. Sugeriu que me dirigisse ao hospital para ser vista e saber em que pé estavam as coisas.
Assim fizemos 1h depois. Entrei no Hospital do Barlavento por volta das 11:30h da manhã, fui logo atendida e fizeram-me o belo do "toque". Argghhhh. Estava tudo a correr tão bem, não havia mesmo necessidade! Depois de a muito custo me conseguir inspeccionar as entranhas, a enfermeira constatou: colo do útero bem fechado, sem dilatação.
Regressamos a casa, agora bastante desconfortável e com mais contracções mas pouco dolorosas.
Este estado de "não dor" alterou-se pouco depois e comecei com contracções efectivas e ritmadas por volta das 13h. Almoçámos em casa, com a irmã do L., o Z. e o sobrinho A., que vieram esperar a Inês connosco.
A tarde foi de contracções e ao fim do dia decidimos ir dar um passeio a pé pela falésia para me tentar distrair das dores, já muuito fortes. Escusado será dizer que parámos milhares de vezes, para eu respirar agarrada a qualquer coisa, enquanto o meu corpo se preparava.
Tentei jantar, mas sem sucesso. As contracções eram demasiado fortes, mas continuavam espaçadas de 5 em 5 minutos.
Por volta das 22h decidimos ir novamente ao hospital. Avisei a família e a amiga que havia de dar noticías nossas aqui.
Fui atendida rapidamente, mais um toque e o veredito: 2cm de dilatação e vai cá ficar. Nem queria acreditar! "Só?! Desde as 13h com contracções e só 2cm?! Tou feita..."
Foram avisar o L., enquanto me "preparavam" e levaram-me para a sala de partos. Estava tudo calmo. Era a única mulher em trabalho de parto.
Chegou o L., com um sorriso nos lábios, contei-lhe o que se tinha passado na ausência dele e disse à enfermeira que queria levar epidural.
"Ui, vamos lá ver se vai ser possível... Só temos a Dra. XX e falta pouco para a meia-noite (Só dão epidural até às 24h!!!!!). Daqui a pouco a parteira vem vê-la e logo vemos se dá. Pode ser que sim." Simpática mas pouco convincente.
Eram 23 e pouco e fiquei só com o L. O CTG ligado ia-nos mostrando a Inês e as minhas contracções que chegavam aos 70% (Uuuiii). Apesar das dores, consegui sempre fazer a respiração que devia e não cheguei a fazer uso da lista mental de palavrões que tinha preparado.
Faltavam 10min para a meia-noite, entra a parteira. Carrancuda qb, mais um toque e outro cm de dilatação. 3 ao todo.
Voltei a lembrar a epidural e a resposta: "A esta hora?! Não me parece! Nem sei onde está a anestesista! Já se vê." E saiu com o mesmo ar carrancudo com que entrou.
Apesar de uma esperançazinha que quis manter, a verdade é que com aquela boa-vontade ficámos convencidos que não se iam esforçar minimamente para me darem a epidural.
Mas precisamente às 24h eis que chega a parteira e a anestesista. Simpática e conversadora, pediu ao L. para sair. Prepararam-me, enquanto me explicava o que ia fazer. Entre uma contracção e outra lá consegui responder às perguntas que me iam fazendo e 10 minutos depois estava sentada na beira da maca de costas dobradas, agarrada a uma almofada. Tempo para uma última contracção que o CTG disse ser de 98%. Aiiiii mesmo!
"se tiver uma contracção enquanto lhe coloco o catéter avise-me mas não se pode mexer."
E como raio é que eu vou fazer isso?, pensei. Ainda por cima sentada, que agudiza cada contracção como se me batessem com uma marreta nos rins!
Aguentei-me à bronca e pouco depois estava novamente deitada com o catéter inserido e um líquido frio a escorrer pelas costas. À 4a dose, deixei de ter dores. Que alívio.
Chamaram novamente o L. e continuamos a conversar com a anestesista.
De repente, ela vira discretamente o ctg para ela e pede-me para me virar para o lado esquerdo. Uns segundos assim e pede-me para me virar para o lado direito. Pede à parteira para chamar o obstetra. "A bébé está bradicardia."
Voltei a virar-me e disse que aquilo já tinha acontecido uma vez no 1º CTG que fiz no obstetra.
A Inês parecia não recuperar e de repente deixaram de lhe apanhar qualquer batimento cardíaco. Escusado será dizer que comecei a ficar nervosa, com medo. Olhei o L., que me agarrou na mão e esboçou um sorriso a dizer que ia correr tudo bem.
Decidiram romper-me a bolsa das águas para poderem colocar uma sonda interna, tentando apanhar-lhe o batimento cardíaco. Assim fizeram e conseguiram. Mas a bradicardia mantinha-se. A Inês não estava bem. O Obstetra fez-me um toque para verificar a dilatação e mandou vir um ecografo. Fez uma ecografia rápida, para ver o coraçãozinho da Inês a bater.
Saiu da sala para volta a entrar passado uns minutos.
A minha dilatação estava a fazer-se a grande velocidade o que podia ter feito a Inês descer demasiado rápido para o canal de parto, provocando a bradicardia. Mas eram suposições. Na ausência de certezas e de melhorias, começaram a equacionar uma cesariana de urgência."Não, ela tem a dilatação quase feita. Dá para fazermos normal", dizia a parteira para o obstetra. Este olhava-me apreensivo, o que me deixava ainda mais nervosa. Perguntou-me qual o peso previsto da Inês. "3,400Kg a semana passada". Não o sentia minimamente confiante com o cenário e isso estava a deixar-me à beira do pânico.
Do nada pergunta-me se estou com coragem para fazer aquilo.
"Mas que raio de pergunta é esta?!", pensei.
"Dr. fazemos o que achar melhor para a minha filha", disse convicta.
Ele olhava para mim, para o CTG, para a parteira. Deixaram de conseguir monitorizar novamente a Inês. Tocou uma campainha e chamou a chefe de serviço, que me tinha recebido. A sala de partos encheu-se de enfermeiras e auxiliares e o meu coração ficou do tamanho de uma ervilha. Pequenino de tão apertado. Quase esmagado pelo medo que estava a sentir. Pela Inês.
Pediram-me para colocar as pernas nos estribos. A dilatação ainda não estava completa e o obstetra perguntou à chefe se achava que valia a pena usar ventosa, ela espreitou e disse que sim. Voltou a perguntar-me o peso previsto da bébé. Não estava a acreditar que aquilo nos estava a acontecer...
De repente, o obstetra decide avançar e começou a mandar chamar o pediatra insistentemente. Sentia a sua apreensão que só fazia crescer o meu medo.
Mandou uma enfermeira para cima de mim e a parteira disse-me para fazer força. Entretanto tinham já feito a episiotomia que não senti. Fiz força sem saber onde, nem com que intensidade. A grande desvantagem da epidural, mas a parteira descansou-me:
"Está a ir mto bem, mas temos de ser mais rápidos".
A enfermeira que estava junto a mim disse-me então para inspirar fundo, não deixar sair o ar e fazer força juntamente com ela. Assim fiz enquanto ela espetava literalmente o cotovelo dela na minha barriga. Ela contra a Inês, com o meu corpo pelo meio. Foi a 1a vez que gritei de dor. O L. não me largou a mão um segundo e eis que sai a cabeça. Deu-me um beijo na testa, sorriu, "está quase linda, falta pouco".
Fiz força mais uma vez, e novamente o maldito cotovelo da enfermeira.
De repente, a expulsão e o vazio. São 2:20h da manhã.
A Inês fora de mim, chora reclamando com o mundo.
Procuro-a entre aquela gente toda e vejo-a ao fundo, na mesa que tinham preparado para a receber, nas mãos do pediatra.
"Filha, filha..." choro baixinho.
"Ela está bem, está tudo bem", diz-me o pediatra.
Olho para o L. que procura a filha de lágrimas nos olhos.
"Já está linda, já está, diz-me.
Vejo sair a placenta e a Inês na direcção da balança. 2,840Kg diz o pediatra.
"Só?! Mas estava previsto muito mais."
O obstetra olha-me e suspira "Ainda bem que é pequenina".
Trazem-me a Inês e o meu coração cresce, como se me quisesse saltar do peito. Ainda tanto medo, mas tão feliz.
O L. tira-nos as 1as fotos.
Mãe e filha olham-se nos olhos. Os olhos bem abertos da filha, nos olhos marejados da mãe.
Muda tudo. Nada se compara.
Levam novamente a Inês e pedem ao pai para sair.
A sala esvazia-se e fico só com o obstetra que me começa a suturar.
Falamos com calma.
Diz que ainda bem que a Inês era mais pequena do que se pensava, "Senão não tinha passado". "E se fosse assim, o que acontecia?", perguntei. Tinhamos de fazer cesariana, mas como ela já estava encaixada, ia ser preciso envia-la novamente para trás.".
"Que sufoco...", suspirei.
"Sabe, por vezes temos de tomar decisões dificeis, como esta e viver com elas para o resto da vida. Correu tudo bem. Correu tudo o melhor que podia."
"E essa episitomia é grande?"
"Pois, é um bocadinho maior que o normal, porque tivemos de fazer aquelas manobras todas"
Que bom saber.... Gluuuup
Bastante tempo depois, não consigo precisar quanto, terminou e desejou-me felicidades. Levaram-me para a zona de recobro e trouxeram novamente a Inês e o L. A enfermeira deu uma ajuda e pusemos a pirralhinha a mamar. Fê-lo durante 1h. Depois levaram-nos para o quarto.
Estivemos mais um pouco os 3 juntos até que chegou a hora do L. sair. Passava das 4h da manhã.
Fiquei com a Inês nos braços, a vê-la dormir e a decorar cada bocadinho dela.
Pensei no L. e em como tinha sido importante a sua força, sentir a presença, o amor. E em como ele se tinha portado bem, ao contrário do que ele próprio imaginara.
Deitei-a no berço agarrada ao meu dedo indicador.
Dormimos assim, pela primeira vez, separadamente juntas.
Foi assim nascer no nosso Mundo.
(O pessoal do hospital foi todo super simpatico e prestável. Fiquei com a melhor das impressões de todas as enfermeiras e médicos, por cujos turnos passámos. Foram incansáveis no estímulo à amamentação, nos cuidados connosco, na atenção com o pai. As instalações do HBA são excelentes. 5 estrelas.)
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Apaixonada
Completa e avassaladoramente apaixonada, por cada um destes bocadinhos!
A Inês porta-se como um anjinho!
Tirando 4 ou 5 episódios de cólicas que a fizeram berrar a plenos pulmões, é uma bébé super tranquila, passando os dias e as noites a dormir e a mamar.
Desde a 1a semana que nos deixa dormir 4-5 horas seguidas!
Cá por casa o tempo ganhou outra dimensão. Passa a um ritmo muito próprio. Ao ritmo dela.
E nós, continuamos em estado de graça.
Com ela e com a vida.
terça-feira, janeiro 02, 2007
Feliz
muito, muito feliz
Inexplicavelmente feliz.
A Inês é linda!
Nasceu com 49,5cm e 2,840kg. Uma princesa carinha de feijão!
Quando conseguir tirar os olhos dela por mais tempo do que o que demorou a escrever este post, conto mais pormenores técnicos sobre o processo de a pôr no mundo.
Obrigada a todos pelas sms, os telefonemas, os postais, o carinho, o mimo que nos deram.
Um obrigada especial à Inês por ter trazido as nossas noticias até ao nosso Mundo Azul.
Agora ainda mais Azul, como os olhos da minha filha.
Inexplicavelmente feliz.
A Inês é linda!
Nasceu com 49,5cm e 2,840kg. Uma princesa carinha de feijão!
Quando conseguir tirar os olhos dela por mais tempo do que o que demorou a escrever este post, conto mais pormenores técnicos sobre o processo de a pôr no mundo.
Obrigada a todos pelas sms, os telefonemas, os postais, o carinho, o mimo que nos deram.
Um obrigada especial à Inês por ter trazido as nossas noticias até ao nosso Mundo Azul.
Agora ainda mais Azul, como os olhos da minha filha.
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